sexta-feira, 11 de setembro de 2015

O 11 DE SETEMBRO E A FILOSOFIA


*Mauro Ferreira de Souza. Trabalho apresentado na Universidade Metodista de São Paulo no curso de Pós Graduação em Filosofia Contemporânea - como requisito parcial para especialização. Disciplina: Pensamento Contemporâneo (2011).

O ATENTADO DE 11 DE SETEMBRO E A FILOSOFIA CONTEMPORÂNEA

A filosofia tradicionalmente pula seus próprios muros e habita em outros espaços, pois
ele é interdisciplinar e multidisciplinar ao mesmo tempo. Como dizia Merleau Ponti,
“ela está em todos os lugares e não se firma em lugar nenhum”. Dada esta
multidisciplinaridade da filosofia, sua história como a história do pensamento ou sua
evolução como proposta hegeliana, falar dos atentados de 11 de setembro e sua relação
com a filosofia contemporânea, é fazer a conexão necessária da filosofia no seu tempo,
onde envolve fatores diversos como: economia, religião, história, política e sociedade.
Trata-se de um verdadeiro banquete que tem cheiro e sabor e cujo resultado será
digerido para se fazer uma crítica da realidade da existência. Nesta perspectiva, o
transito das idéias perpassam o ambiente meramente acadêmico, objetivando uma
reflexão mais densa e necessária para o debate. Assim, como bem escreveu Cerqueira
Filho, baseado nos da obra “Filosofia em tempo de terror: Diálogos com Habermas e
Derrida”. “Os episódios de 11 de setembro em Nova Iorque recolocaram em pauta o
conceito de “guerra justa”, pragmaticamente pensado como auto-defesa. Diante da
ineficácia simbólica, da idéia de ‘guerra limpa’, ‘guerra tecnológica’, onde não haveria
mais “banhos de sangue” a ser exibido, nem combate “corpo a corpo”.

“Os americanos ainda não criaram uma civilização, no
sentido profundo e completo que atribuímos à palavra
civilização. O que eles criaram é uma metrópole de
força” (Discurso pronunciado em 17 de janeiro de
2002, 11º ano pós-guerra do Golfo Pérsico iniciada por
George Bush). Saddam Hussein.

“Eu assumo a responsabilidade por tomar a decisão, a
difícil decisão de formar uma coalizão para remover
Saddam Hussein, porque a inteligência – não apenas a
nossa inteligência mas a inteligência deste grande
país [continuou Bush, se referindo à Blair e seu país]
(...) expôs um argumento claro e irresistível de que
Saddam Hussein era uma ameaça à segurança e à
paz”. (George W. Bush, New York Times, 18.07.2003).

CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Em 11 de setembro de 2001, aconteceu o maior atentado terrorista da história: o ataque
às torres gêmeas do World Trade Center, em Nova York. O mundo ficou chocado pelo
caráter grandioso e sanguinário do ato, que provocou a morte de cerca de três mil
pessoas. Além disso, o atentado terrorista teve diversas conseqüências para a política
internacional. Alguma delas se faz sentir até hoje, como a invasão do Iraque pelos
Estados Unidos. Os atentados de 11 de setembro à maior potência mundial marcam um
novo episódio nas relações de forças entre os de “cima” e os de “baixo”. Depois da
Guerra Fria, a União Soviética deixou de existir como inimigo dos Estados Unidos, que
precisaram fabricar um novo inimigo para continuar o jogo maniqueísta e, assim,
justificar o terror de Estado desenvolvido pelas políticas administrativas e financeiras
americanas. Logo foi apontado o novo inimigo – o fundamentalismo islâmico –
portador do mal, e o próprio satã era Osama Bin Laden. Sua ligação com diversos
atentados cometidos contra os interesses americanos, no decorrer da última década do
século XX, faz dele o homem mais procurado pelos Estados Unidos, o inimigo público
nº 1, tendo sido sua cabeça colocada a prêmio.
No dia 11 de setembro de 2001, o mundo parou e vimos uma nação (que sempre
transparece arrogância) fragilizada. Neste dia ocorreram uma serie de ataques aos EUA,
que resultaram em milhares de mortos e feridos. Quatro aeronaves foram seqüestradas
por integrantes do grupo islâmico Al-Qaeda, Um dos aviões sofreu uma queda quando
passageiros reagiram ao seqüestro, à queda ocorreu em campo aberto em Shanksville,
Pensilvânia, tendo como vitimas apenas os tripulantes do avião. Em um outro avião os
seqüestradores fizeram-no colidir contra o quartel general de defesa dos Estados Unidos
da América, o Pentágono, no Condado de Arlington, Virginia. E o mais chocante foi os
dois avião que colidiram com as duas torres do Word Trade Center, em Manhattan New
York. O saldo no ataque foi de aproximadamente 3.000 mortos. A primeira colisão se
deu as 8:46 da manhã, o vôo 11 da American Airleins se chocou com a torre norte do
Word Trade Center. A segunda colisão ocorreu as 9:03:11 da manhã entre o vôo 175 da
United Airlines com a torre sul do Word Trade Center. Já às 9:37:46 da manhã o vôo 77
da American Airlines colidiu com o Pentágono. E às 10:03: 11 da manhã ocorreu à
queda do vôo 93 da United Airlines, após passageiros se revoltarem com os
seqüestradores. Nenhum ocupante das aeronaves seqüestradas sobreviveram. Logo após
as colisões, as torres gêmeas desabaram quase simultaneamente, outras construções
também vieram a desabar e outras ficaram bastante danificadas. Atualmente onde antes
ficavam as torres gêmeas do Word Trade Center, virou um memorial, e está sendo
planejada à construção de um monumento em homenagem as vitimas dos ataques.
Após os ataques de 11 de setembro de 2001, foi intensificada a segurança nos Estados
Unidos e em outros países. Mesmo com intensificação da segurança, de 2001 a 2006 já
ocorreram outros ataques, mas nenhum com a magnitude do de 11 de setembro.

O Papel da Filosofia
Na filosofia, o transito das idéias perpassam o ambiente meramente acadêmico,
objetivando uma reflexão mais densa e necessária para o debate. Assim, como bem
escreveu Cerqueira Filho, baseado na obra “Filosofia em tempo de terror: Diálogos com
Habermas e Derrida” de Giovanna Borradori, “Os episódios de 11 de setembro em
Nova Iorque recolocaram em pauta o conceito de “guerra justa”,
pragmaticamente pensado como auto-defesa. Diante da ineficácia simbólica, da idéia de
“guerra limpa”, “guerra tecnológica”, onde não haveria mais “banhos de sangue” a ser
exibido, nem combate “corpo a corpo”.
Esse livro apresenta o primeiro encontro entre o alemão Jürgen Habermas e o
francês Jacques Derrida, dois dos mais importantes e polêmicos filósofos
contemporâneos que representam posições filosóficas e políticas divergentes. Ao serem
questionados, logo após o ataque terrorista de 11 de setembro de 2001, sobre a
contribuição que a filosofia tem a dar tanto ao entendimento dessa forma de terrorismo
quanto à reação unilateral por parte dos Estados Unidos, surpreendentemente ambos se
mostram de acordo a respeito do que fazer para impedir a polarização entre o bem e o
mal: apelam para o retorno dos ideais iluministas de participação e cidadania, agora no
plano mundial. Nos diálogos, Habermas é denso, econômico, elegante, promovendo a
tolerância, enquanto Derrida segue os meandros instigantes na desconstrução da idéia de
terrorismo global, promovendo a hospitalidade. Cada diálogo é acompanhado por um
ensaio crítico de Giovanna Borradori, traçando o contexto filosófico e intelectual em
que as idéias apresentadas ganham significado pleno. Segundo Jürgen Habermas “Sem
dúvida a incerteza do perigo pertence à essência do terrorismo. Mas os cenários de
guerra biológica ou química, pintados em detalhe pela mídia norte-americana durante os
meses que se sucederam ao dia 11 de setembro, as especulações sobre os vários tipos de
terrorismo nuclear, tudo isso apenas trai a incapacidade que o governo tem de pelo
menos determinar a magnitude do perigo.” Na mesma linha, Jacques Derrida diz que
“Mais do que a destruição das Torres Gêmeas ou o ataque ao Pentágono, mais do que a
matança de milhares de pessoas, o ‘terror’ real consistiu na imagem do terror pelo alvo
em si. O alvo (os Estados Unidos...) teve como interesse próprio expor sua
vulnerabilidade, dar a maior cobertura possível à agressão da qual desejava se
proteger.”
Cerqueira Filho segue uma linha mais crítica do que Geovanna via Derrida. Diz:
Os episódios de 11 de setembro em Nova Iorque recolocaram
em pauta o conceito de “guerra
justa”, pragmaticamente pensado como auto-defesa. Diante
da ineficácia simbólica, da idéia de ‘guerra limpa’, ‘guerra
tecnológica’, onde não haveria mais “banhos de sangue” a ser
exibido, nem combate “corpo a corpo”. Em verdade este
conceito foi elaborado pela cristandade ocidental no século
XII, a partir da expansão da sociedade européia ocidental
através das lutas contra os hereges, das investidas das
cruzadas e da criação da Inquisição. De modo que, “estamos
diante de um embate ideológico travado no interior da
teologia política ocidental que percorreu vários séculos”
(Cerqueira Filho e Neder, 2003).1
....[...]

Nota: 1 Para uma pesquisa mais abrangente sobre este ponto de vista ver: CERQUEIRA Fº, Gisálio e NEDER,Gizlene, “Guerra, Política Monetária e Direito Internacional” In: IX Semana Jurídica da Faculdade deDireito da UFRJ. Rio de Janeiro, 24 a 28 de março de 2003. LIPSET, Seymour Martin, A SociedadeAmericana. Uma Análise Histórica e Comparada. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1966. Do mesmo autor:A Sociedade Americana. Uma Análise Histórica e Comparada. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1966. OHomem Político (Political Man). Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1967. PARSONS, Talcott, A SociologiaAmericana. Perspectivas, Problemas, Métodos. São Paulo: Editora Cultrix, 1970. RORTY, A filosofia e oespelho da natureza. Rio de Janeiro: Relume-Dumará, 1994. Objetivismo, relativismo e verdade. Rio deJaneiro: Relume-Dumará, 1997. WEBER, Max, Sociologia (Org.), Gabriel Cohn. São Paulo: Ática, 1982.ALVES, Rubem Azevedo, O suspiro dos oprimidos. São Paulo: Ed. Paulinas, 1984.FERNANDES, Florestan, A Condição de Sociólogo. São Paulo, HUCITEC, 1978. GIDDENS, Anthony eTurner, Jonathan (orgs.), Teoria Social Hoje. São Paulo Editora da UNESP, 1999. [Anônimo] Las Mil yUna Noches. Textos Integros. Tomo I. Barcelona, 1985. CRESPI, Franco e FORNARI,Fabrizio, Introdução à Sociologia do Conhecimento. Bauru, SP: EDUSC, 2000. BOMBASSARO, LuizCarlos, As Fronteiras da Epistemologia. Como se produz o conhecimento. Petrópolis, RJ: Vozes, 1992.GIDDENS, Anthony, Política, Sociologia e Teoria Social. Encontros com o pensamento social clássico econtemporâneo. São Paulo: Editora da UNESP, 1998. TOURAINE, Alain, Em Defesa da Sociologia. Riode Janeiro: Zahar Editores, 1976. COULON, Alain, Etnometodologia. Petrópolis, RJ: Vozes, 1995.HOAS, Hans, “Interacionismo Simbólico” In: Teoria Social Hoje/Anthony Gidens e Jonathan Turner(orgs.). São Paulo: Editora UNESP, 1999.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS E OBRAS CONSULTADAS

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Consultas a sites:
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http://pt.wikipedia.org/wiki/Fundamentalismo_isl%C3%A2mico
http://www.mundodosfilosofos.com.br/lea12.htm
http://www.unb.br/noticias/unbagencia/artigo.php?id=440

quarta-feira, 2 de setembro de 2015

TERAPIAS ALTERNATIVAS


Terapias alternativas e Religiosidade

*Mauro Ferreira (UMESP-Universidade Metodista de São Paulo)

É impossível negar as praticas das terapias alternativas com a fé, a religião e a doença.
Por outro lado,  é difícil encontrar um país no mundo antigo onde este tema ou pratica não possa ser encontrada. Tal pratica,  foi e continuam sendo impregnando em um sistema conhecido terapias a partir de elementos que não sejam os remédios industrializados.

Tais práticas não foram iniciativas apenas dos orientais como japoneses e chineses, mas uma pratica que remonta milhares de anos atrás na Babilônia, Pérsia, Hindustão, Ceilão, Burma, Java, Arábia, Síria, Ásia Menor, Egito, Etiópia, Grécia, México, Peru etc.

Muitas provas do mesmo efeito, apontaram para a origem comum dos seus sistemas  terapêuticos baseados em elementos minerais, vegetais e até mesmo por imposição de mãos como os magos do oriente faziam.

Mas alguém poderia perguntar: Onde entra a religião ou a fé neste tema?
A resposta é simples. Primeiro porque a religião está impregnada em quase todo o planeta na suas mais variadas formas e contem um pressuposto de terapia (cura) nos seus mais diversos campos.
Por outro lado, religião possui um significado social singular, sua força movimenta os mais diversos problemas sociais e pessoais do planeta.

Sem questionar a subjetividade da cada crença, nosso desejo é trabalhar a interdisciplinaridade deste termo com a questão da terapia alternativa.

            Apesar de todo o avanço científico, o fenômeno das terapias alternativas sobrevive e cresce, desafiando a medicina tradicional e os compêndios científicos, o que em certa medida são produtos das pesquisas alternativas.

            Há estudiosos que tratam as terapias alternativas de forma reducionista limitando-a como um elemento de relações sociais ou resultado apenas da vida subjetiva do individuo.

Há porem, cientistas que preferem estudá-las singularmente, individuando-as no seu contexto. O problema aparece quando se pretende fazer analogias ou aproximações que resultam de interpretações com critérios diversos: alguns as consideram como produto de encontros e influências entre o senso comum. Outros procuram, através de confrontos, descobrirem o que distingue o conceito da prática e sua validade através dos critérios de verificabilidade e experimentação. 

Como bem dizia Henri Bérgson: A Ciência tira conclusões sobre as coisas muitas vezes de forma precipitada sem levar em conta as evidências de experimentação, dedução lógica, e pensamento racional a fim de examinar as coisas.

Certa vez Kant ao fazer “crítica à razão pura” formula as seguintes proposições:
“A razão não pode deixar-se arrastar pela natureza. Ao contrário, é ela que deve mostrar o caminho [...] obrigando a natureza a dar respostas às questões que ela mesma propõe.  A razão [...] se aproxima da natureza [...] como um juiz que obriga a testemunha a responder questões que ele mesmo formulou.”

                                                                                    
Discussão

Hipócrates filosofo grego considerado o “Pai da medicina” diz que há um  equilíbrio entre os diversos organismos e o equilíbrio destes organismos com o meio ambiente.
Esta síntese de Hipocrates só foi concretizada após a Revolução Industrial, que gerou mudanças tecnológicas, econômicas e sociais, trouxe mudanças no modo de se tratar e compreender a saúde. Tempo que entrou em vigor as idéias de grandes pensadores que buscavam auxiliar no desenvolvimento da sociedade, influenciando a área da saúde. Um desses pensadores foi René Descartes que afirmou “Não se pode conhecer o todo, sem o conhecimento das partes”, pensamento que foi seguido pela medicina Ocidental, que é dividida em especialidades médicas, já a medicina Homeopática trata o indivíduo como um todo, levando em consideração a sua maneira de reagir diante dos agentes causais da doença, assim como alegou Blaise Pascal “é impossível conhecer o todo sem o conhecimento das partes, da mesma maneira é impossível conhecer as partes sem conhecer o todo”.

A saúde é um direito complexo que envolve condições biológicas, psicológicas e sociais. Segundo a Organização Mundial da Saúde “é o completo bem estar físico, mental e social, e não apenas a ausência de doença”. Visto isto,  a saúde envolve fatos como não ficar doente e ter o completo bem-estar físico e social, papel que deveria ser exercido pelo Estado, que tem a obrigação de oferecer serviços acessíveis a toda à população, que resolvam os problemas e que sejam eficazes e eficientes. Obrigações estas que são baseadas de acordo com a Constituição Federal que alega “ser a saúde direito de todos e dever do Estado, garantindo mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para promoção, proteção e recuperação”, artigo 196. O cidadão por sua vez deve ter conhecimento de seus direitos bem como de seus deveres, buscando uma harmonia com o Estado, assim como a pesquisa realizada pelo IBOPE no Brasil em 2000. (em anexo)
Como garantir a saúde do povo brasileiro diante de tantos problemas vividos pela população que implica em não ficar doente tais como: saneamento básico que acaba não sendo acessível a todos; moradia adequada, boas condições de trabalho levando em conta alga carga horária, e baixa remuneração, mais segurança, educação e acesso a alimentação de forma adequada?

Baseando em ser a moral o conjunto de normas, regras e leis que orienta o comportamento dos seres humanos em sociedade e a ética, sendo uma reflexão crítica sobre a moralidade, no direito a saúde, elas caminham lado a lado?
"Os homens que perdem a saúde para juntar dinheiro e depois perdem o dinheiro para recuperar a saúde; Por pensarem ansiosamente no futuro, esquecem o presente, de tal forma que acabam por nem viver no presente nem no futuro; Vivem como se nunca fossem morrer e morrem como se nunca tivessem vivido." Como na frase Buda, as pessoas acabam por buscar melhores condições de vida, e deixam em segundo plano a saúde, o bem fundamental para a vida.
Muito se têm discutido sobre temas relacionados a saúde e a ética exercida dentro dela. Podendo assim abrir divergências de opiniões e conceitos em questões éticas e morais dobre tais temas:

Relação da Religião e saúde
Atualmente, médicos e pacientes concordam que tanto a Religião e as terapias alternativas  em casos de cura de doenças é extremamente positiva. As pesquisas científicas demonstram que o efeito da espiritualidade na saúde não precisa ser limitado quando há dificuldade de cura. A fé pode sim ser preventiva.
Grandes médicos falam sobre a cura pelas terapias alternativas e a  espiritualidade para a qualidade de vida, afinal as pessoas usam a Religião para compreender melhor o sentimento da fé, mas a fé não “precisa ser atrelada à Religião”.
Para esses médicos, há necessidade de superar de vez o divórcio entre ciência e espiritualidade e fazer da fé dos pacientes um procedimento padrão essencial da nossa Medicina.
Se não for por uma questão humanista, que seja por uma razão econômica. Já existem pesquisas que mostram que os pacientes terminais com câncer que exercem a espiritualidade, por exemplo, dão menos custos para os hospitais do que outros com o mesmo perfil, mas não têm fé.
As Religiões são muito claras na relação com as doenças. Constantemente, há comentários com hábitos alimentares, circuncisão, uso de álcool e etc e isso apresenta um impacto importante na qualidade e padrão de vida das pessoas. A grande questão é tentar explicar alguns fenômenos que sabemos que existem, mesmo sem saber como e porque, de qualquer forma, eles estão documentados.

Enfim, existem preconceitos médicos em repercutir todas essas questões, mas a ciência está aí para estudar tais fenômenos. Já dizia Albert Einstein: “é mais fácil quebrar um átomo do que um preconceito”. Talvez estejamos começando este processo, a Medicina Tradicional é complementada pela espiritualidade e vice-versa.
.....[...]

BIBLIOGRAFIA

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BERGER, Peter L. O Dossel Sagrado- Elementos Para uma Teoria Sociológica da Religião. São Paulo: Paulinas, 1985.
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Metafísica. In: Dicionário Oxford de filosofia. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1997.

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OTTO, Rudolf. O sagrado: Um estudo do elemento não-racional na idéia do divino e
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